terça-feira, 8 de setembro de 2009

Lembro-me bem do seu olhar.

Lembro-me bem do seu olhar.
Ele atravessa ainda a minha alma.
Como um risco de fogo na noite.
Lembro-me bem do seu olhar. O resto...
Sim o resto parece-se apenas com a vida.

Ontem, passei nas ruas como qualquer pessoa.
Olhei para as montras despreocupadamente
E não encontrei amigos com quem falar.
Tão triste que me pareceu que me seria impossivel
Viver amanhã, não porque morresse ou me matasse,
Mas porque seria impossivel viver amanhã e mais nada.

Fumo, sonho, recostado na poltrona.
Dói-me viver como uma posição incómoda.
Deve haver ilhas lá para o sul das coisas
Onde sofrer seja uma coisa mais suave.
Onde viver custe menos ao pensamento,
E onde a gente possa fechar os olhos e adormecer ao sol
E acordar sem ter que pensar em responsabilidades sociais
Nem no dia do mês ou da semana que é hoje.

Abrigo no peito, como a um inimigo que temo ofender,
Um coração exageradamente espontâneo
Que sente tudo o que eu sonho como se fosse real,
Que bate com o pé a melodia das canções que o meu pensamento canta.

Canções tristes, como as ruas estreitas quando chove.

Por: Álvaro de Campos.

Lembram daquele que me mandou Bukowski, numa sexta sem álcool?
Sim, dedico esse post pra ele.
Não, não! Não o post de luz.
O texto.

Um comentário:

  1. Eitaaa alfinetada heim!!

    "Abrigo no peito, como a um inimigo que temo ofender"

    Totalmente foda!

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Uma tonelada de opinião...