segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Guerreiro menino.

Um homem também chora
Menina morena
Também deseja colo
Palavras amenas
Precisa de carinho
Precisa de ternura
Precisa de um abraço
Da própria candura
Guerreiros são pessoas
São fortes, são frágeis
Guerreiros são meninos
No fundo do peito
Precisam de um descanso
Precisam de um remanso
Precisam de um sonho
Que os tornem perfeitos
É triste ver este homem
Guerreiro menino
Com a barra de seu tempo
Por sobre seus ombros
Eu vejo que ele berra
Eu vejo que ele sangra
A dor que traz no peito
Pois ama e ama
Um homem se humilha
Se castram seu sonho
Seu sonho é sua vida
E a vida é trabalho
E sem o seu trabalho
Um homem não tem honra
E sem a sua honra
Se morre, se mata
Não dá pra ser feliz
Não dá pra ser feliz


composição: Gonzaguinha.

domingo, 28 de novembro de 2010

Pegar uma navalha
e abrir o cotidiano
revirar pelo avesso
acelerar o movimento
pra essa calmaria
se transformar em vendaval
Pra ver o circo e meu corpo
pegarem fogo
A cidade em chamas
e você dançando em brasa
(Dine) 


Dine é uma linda!


E sim, esse se parece comigo!



terça-feira, 23 de novembro de 2010

quarta-feira, 17 de novembro de 2010



"Esperamos e esperamos. Todos nós. Não saberia o analista que a espera é uma das coisas que faziam as pessoas ficarem loucas? Esperavam para viver, esperavam para morrer. Esperavam para comprar papel higiênico. Esperavam na fila para pegar dinheiro. E, se não tinham dinheiro, precisavam esperar em filas mais longas. A gente tinha de esperar para dormir e esperar para acordar. Tinha de esperar para se casar e para se divorciar. Esperar para comer e esperar para comer de novo. A gente tinha de esperar na sala de espera do analista com um monte de doidos, e começava a pensar se não estava doido também."

Charles Bukowski.

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Não canso de ler Bukowski, de adorar o que leio, de me sentir plenamente compreendida.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Mal necessário.

Sou um homem, sou um bicho, sou uma mulher
Sou a mesa e as cadeiras deste cabaré
Sou o seu amor profundo, sou o seu lugar no mundo
Sou a febre que lhe queima mas você não deixa
Sou a sua voz que grita mas você não aceita
O ouvido que lhe escuta quando as vozes se ocultam
Nos bares, nas camas, nos lares, na lama.
Sou o novo, sou o antigo, sou o que não tem tempo
O que sempre esteve vivo, mas nem sempre atento
O que nunca lhe fez falta, o que lhe atormenta e mata
Sou o certo, sou o errado, sou o que divide
O que não tem duas partes, na verdade existe
Oferece a outra face, mas não esquece o que lhe fazem
Nos bares, na lama, nos lares, na cama.
Sou o novo, sou o antigo, sou o que não tem tempo
O que sempre esteve vivo
Sou o certo, sou o errado, sou o que divide
O que não tem duas partes, na verdade existe
Mas não esquece o que lhe fazem
Nos bares, na lama, nos lares, na lama
Na lama, na cama, na cama


por: Ney Matogrosso.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Para: Thiago Kistenmacher

"Talvez um voltasse, talvez o outro fosse. Talvez um viajasse, talvez outro fugisse. Talvez trocassem cartas, telefonemas noturnos, dominicais, cristais e contas por sedex (...) talvez ficassem curados, ao mesmo tempo ou não. Talvez algum partisse, outro ficasse. Talvez um perdesse peso, o outro ficasse cego. Talvez não se vissem nunca mais, com olhos daqui pelo menos, talvez enlouquecessem de amor e mudassem um para a cidade do outro, ou viajassem junto para Paris (...) talvez um se matasse, o outro negativasse. Seqüestrados por um OVNI, mortos por bala perdida, quem sabe. Talvez tudo, talvez nada"


Caio F. again!
"Frágil – você tem tanta vontade de chorar, tanta vontade de ir embora. Para que o protejam, para que sintam falta. Tanta vontade de viajar para bem longe, romper todos os laços, sem deixar endereço. Um dia mandará um cartão-postal de algum lugar improvável. Bali, Madagascar, Sumatra. Escreverá: penso em você. Deve ser bonito, mesmo melancólico, alguém que se foi pensar em você num lugar improvável como esse. Você se comove com o que não acontece, você sente frio e medo. Parado atrás da vidraça, olhando a chuva que, aos poucos começa a passar."


Irremediavelmente, Caio F. Abreu

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Não creio em mais nada.

Não sei o que faço, a minha vida é uma luta sem fim,
Me sinto no espaço, o tempo todo a procura de mim,
Há dias na vida, que a gente pensa que não vai conseguir,
Que é bem melhor deixar de tudo e fugir
Que outro mundo tudo vai resolver.
Não sei o que faço, se volto agora ou continuo a seguir,
Eu sinto cansaço e já não sei se vale a pena insistir,
Há dias na vida que a gente pensa que não vai conseguir,
Que é bem melhor deixar de tudo e fugir,
Que outro mundo tudo vai resolver.
Não creio em mais nada, já me perdi na estrada,
Já não procuro carinho, me acostumei na caminhada sozinho,
A vida toda só pisei em espinho, ja descobri que o meu destino é sofrer.
(Paulo Sérgio)

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

A verdade nua e crua.

Tive a oportunidade de sentir prazer através do desconhecido. Impagável.
É bem maior do que achava que era. É sim.
Refleti sobre tal.

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Entrei na livraria, peguei um livro do Jack Kerouac, pedi um café.
As pessoas em livrarias  ao mesmo tempo que são patéticas folheando livros exotéricos, são altamente interessantes quando procuram por George Orwell... Eu estava lá tomando meu café, e lendo Kerouac, tão maldito e sujo quanto minha mente naquele momento.
Terminei meu café, fui até o caixa, e paguei pelo livro e pelo café. O atendente me seguiu até a porta e disse: 
-Garota misteriosa...
Só me veio a cabeça falar "sim, um bocado", mas deixei a livraria como se não tivesse escutado o comentário.
Sempre que saio sozinha sinto mais vontade de uísque que de qualquer suco... Penso melhor, me sinto melhor, fico melhor.
Fui ao bar, com meu livro e gosto de café na boca.
Pedi meu uísque, acendi meu primeiro cigarro do dia.
Mais uma vez senti indagação no olhar do garçom, quase pude ler o pensamento dele: "uma garota sozinha, tomando uísque no feriado dos mortos, sozinha..." creio que tenha sido algo bem assim.
Tornei a refletir sobre meu mais novo desejo, e constatei que era bom mesmo ter os desejos e os sentidos renovados.
Planejei viagens, pensei nos meus trabalhos no curso de História, lembrei dos amigos passados, rí de mim mesma pela coragem da noite anterior, e senti uma vontade imensurável daquela companhia que tô querendo demais... 
Terminei meu uísque, segui na chuva até o ponto de ônibus. E fiquei desenhando no vidro embaçado do ônibus. Apagava, desenhava, apagava, desenhava, paulatinamente, até chegar em casa.
Comi chocolates, desenhei no meu caderno, ouvi coldplay, joguei video-game, conversei, deitei e não dormi. A aflição da saudade e desejo não me abandonaram depois do dia cheio. 
Levantei, tomei água, coloquei Amélie Poulan pra assistir, e finalmente adormeci, antes do final.